Relatório da Operação Sucuri
Em 1973, foi planejada uma nova ofensiva do Exército contra os guerrilheiros do Partido Comunista do Brasil (PC do B) estabelecidos no Araguaia, sudeste do Pará. Era a Operação Sucuri. Idealizada no Centro de Informações do Exército (CIE), tinha como principal novidade o uso de métodos de disfarce similares aos que os militantes do partido utilizavam para se instalar na região.
Em 1973, foi planejada uma nova ofensiva do Exército contra os guerrilheiros do Partido Comunista do Brasil (PC do B) estabelecidos no Araguaia, sudeste do Pará. Era a Operação Sucuri. Idealizada no Centro de Informações do Exército (CIE), tinha como principal novidade o uso de métodos de disfarce similares aos que os militantes do partido utilizavam para se instalar na região.
O relatório da operação, escrito pelo capitão Sebastião Rodrigues de Moura, que viria a ser conhecido como Major Curió, detalha os procedimentos e as intenções da empreitada em dezenove páginas. O CIE selecionara mais de trinta agentes, entre oficiais do Exército, sargentos, cabos e soldados, para se infiltrar nas localidades onde estavam os guerrilheiros. Na maior parte dos casos, os militares não carregavam documentos de identidade; alguns os possuíam, porém eram falsos.
Os agentes conseguiram se misturar entre os habitantes e os guerrilheiros, embora alguns tenham levantado suspeitas. Entre os sucessos da operação, o Major Curió lista o “levantamento, quase total, do dispositivo, composição e área de atuação dos destacamentos subversivos”, além da obtenção “em grande parte da afeição e admiração da população”. Pelo menos vinte moradores das redondezas teriam colaborado com os militares, como guias ou informantes.
Realizada durante o governo Médici (1969-1974), auge da repressão política do regime militar, a Operação Sucuri ajudou o CIE em sua tarefa de destruir o foco guerrilheiro no Araguaia. Dali não saíram inquéritos, denúncias nem sentenças. Com a Sucuri, todos os guerrilheiros foram mortos, mesmo os que se renderam.