Eleições 1974: as reações à derrota da ditadura
Quando a derrota da Arena nas eleições de 1974 era já um fato consumado, diante dos resultados preliminares da apuração, o presidente Ernesto Geisel estava pessimista: havia o risco de perderem o controle da Câmara dos Deputados.
Segundo o diário de Heitor Ferreira, o general resumiu assim seu estado de espírito: “Eleição é isso mesmo. O povo vota livre, e normalmente no contra. E nós temos que respeitar, pois não fizemos uma eleição? É isso e pronto. Agora é esperar pelos resultados da Câmara e das Assembleias.”
Quando a derrota da Arena nas eleições de 1974 era já um fato consumado, diante dos resultados preliminares da apuração, o presidente Ernesto Geisel estava pessimista: havia o risco de perderem o controle da Câmara dos Deputados.
Segundo o diário de Heitor Ferreira, o general resumiu assim seu estado de espírito: “Eleição é isso mesmo. O povo vota livre, e normalmente no contra. E nós temos que respeitar, pois não fizemos uma eleição? É isso e pronto. Agora é esperar pelos resultados da Câmara e das Assembleias.”
No entanto, a resignação não era o único sentimento presente no governo. Além das costumeiras análises do Serviço Nacional de Informações (SNI), o ministério da Marinha também elaborou um documento, entregue ao presidente pelo próprio ministro, Almirante Henning, procurando determinar as razões da derrota e soluções para a situação em que ficou o governo.
Com apenas duas páginas datilografadas, o documento aponta o apoio do Partido Comunista Brasileiro a candidatos do MDB, que estaria se tornando um “partido de contestação” devido à infiltração de “elementos subversivos”. A sugestão feita para desbaratar a vitória eleitoral da oposição era radical: “A Revolução (...) poderia nessa ocasião auxiliar a oposição a despojar-se dos elementos subversivos infiltrados”, ou seja, cassar mandatos parlamentares, mas “mantendo, à disposição do MDB, todos os votos obtidos pelo partido”.
Esse processo de depuração teria de incluir também a Arena, segundo a conclusão do texto: “Tal medida (...) só alcançaria o efeito desejado se idêntica providência fosse tomada em relação aos candidatos da Arena que se tiverem revelado omissos, incapazes ou corruptos.” Essa proposta de golpe por meio da Justiça Eleitoral não teve maiores consequências nem revelava articulação entre ministros militares.